BRT ou VLT? As consequências econômicas da (in)decisão

12/05/2011 17:56

 

Procuraremos neste artigo fazer algumas sugestões sobre a dimensão do imbróglio que Cuiabá, uma das Capitais-Sede de 2014, se encontra.

Vamos a essa interessante Prosa Econômica, tendo em vista, que as discussões sobre vários temas relacionados disponibilizadas ao público-eleitor, em geral, ainda, não alcançaram um nível de satisfação suficiente e eficiente que vá além da Agecopa e do seleto grupo de deputados e vereadores da capital.

Bem assim, antes de darmos foco aos modelos de sistemas de transporte coletivo propostos: Transporte Rápido de Ônibus(BRT) ou Veículo Leve sobre Trilhos(VLT), diante da caótica realidade do nosso trânsito, há que se fazer uma distinção essencial entre os dois tipos básicos de projetos de viabilidade econômica, a saber: projeto de viabilidade econômica privado e projeto de viabilidade econômica público.

Um projeto privado visa atuar numa oportunidade de mercado através da oferta de produtos ou serviços, a fim de obter retorno econômico-financeiro. Quanto ao projeto público este objetiva atender uma demanda social da população com a prestação de serviços públicos, visando proporcionar um bem-estar social adequado e eficiente.

Como projetistas, um primeiro imbróglio que deparamos foi sobre a definição do tipo de projeto de transporte coletivo proposto a ser implantado na Capital-Sede do “tacuru esportivo” em futuro próximo.

Para tanto, pensamos nas afirmações básicas em torno dessa questão, quais sejam: todo projeto tem um custo e um preço de operacionalização, ou não. Ora, se os projetos propostos, tanto o BRT como VLT, irão cobrar preços de uso quando da sua operacionalização, significa que é um projeto privado, principalmente se tiver uma concessão, e que visará retorno econômico-financeiro, obviamente, porém, terá que atender uma demanda pública coletiva crescente, carente por trajetos eficientes, horário de atendimento, tempo de percurso, preços acessíveis das passagens, etc.

Também há que se pensar criteriosamente nas relações desse novo sistema com o já existente, que tem buscado ser justo, porém, faltam eficiência e condições básicas para tal fim. É fato que no passado não se pensou uma Cuiabá com mais de 1 milhão de habitantes em seus futuros trezentos anos de municipalidade, pelo contrário, isso nos garantiu ruas estreitas e tudo mais, porém, exagerar ou não na dose do futurismo é um desafio oportuno para o momento, evitando, dessa maneira, a síndrome do elefante branco.

Conclusivamente, pensar o trânsito em Cuiabá para 2014 e futuramente não será suficiente pensar apenas na (in)decisão em torno de BRT ou VLT, mas sim, uma série de ações conjuntas que terão de ser tomadas para que o “tacuru esportivo”, aqui sediado, deixe sua marca de uma cidade realmente hospitaleira, cativante e pós-moderna.

Finalmente, como torcedores por essa vitória que será de todos, algumas indagações são importantes para avançarmos no debate, quais sejam:

- qual o custo de implantação por km de cada sistema almejado BRT ou VLT?

- qual o custo de manutenção de cada sistema?

- qual o custo de oportunidade?

- quais os reflexos de cada um desses custos de implantação sobre os preços das passagens?

- vai existir parceria público-privada de investimentos durante a implantação?

- qual o número de usuários que poderá ser atendido por cada sistema?

- qual dos projetos possui menor índice na relação risco e custo?

- qual a capacidade de pagamento atual do Estado de Mato Grosso e do município de Cuiabá para as obras e compromissos que lhes cabem?

- qual será a participação do Governo Federal, Estadual, Municipal, da Fifa e da CBF em termos de recursos nessa empreitada?

Vamos lá cuiabanos e chegantes apaixonados por esta terra, vamos fazer um gol de curva que entre bem na forquilha, bem na gaveta, naquele encontro trigonométrico onde a coruja cochila.

Nota: o artigo continua numa próxima oportunidade relatando cases em cidades onde tais projetos foram implantados.

*ERNANI LÚCIO PINTO E RENATO GORSKY são economistas em Mato Grosso do Paradigma Estudos & Pesquisas e da Aliança Projetos, respectivamente

 

Comentáriios:

 

Muito bem redigido, quase coloquial, mais um pouco duvidoso. Não é pelas dúvidas que se constrói um país, um estado ou município temos que convir que os pré-projetos perpassam por grandes equipes de estudos, profissionais experientes e por um governo não tão utópico mais ousado. A saber, que num pequeno espaço de tempo, ou seja, em um breve futuro Cuiabá se agigantará, é mais que preciso projetar-se agora o que queremos para as futuras gerações, não se faz nada com medo do amanhã e sim, lança-se as idéias, ou mesmo, copia-se o que já está sendo posto em prática.

É sabido que as oportunidades nem sempre se coloca com suas facilidades a nossa disposição. Essa é à hora de estreitarmos este vácuo de modernidade entre a Cuiabá que precisamos preservar e a Cuiabá do futuro.

É assim em todos os cantos do mundo e não podemos ficar diferentes. Importante encontrar os meios de fazer, mas fazendo chegaremos aos bons resultados.
Lucélio Costa

Fundador do Grupo  Garra

 

Fonte: Jornal Diário de Cuiabá