QUE VI E OUVI, DA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE.

O acaso me fez participar da JMJ no Rio de Janeiro, com uma  viagem programada com bastante antecedência tirei uns dias para visitar meus parentes no Rio, pois já não os via há mais de cinco anos.

A notícia da vinda do papa estava estampada em todas as mídias, mas não me dei conta da possibilidade em participar deste evento, pois não saberia por onde estaria pelas cercanias cariocas, se tratando que teria que estar em vários municípios em dias diferentes. Baseado em Copacabana, teria melhores condições de mobilidade e assim estaria unindo o útil ao agradável, curtindo minha city e revendo velhos amigos de turma como sempre fiz ao longo da minha vida.

De repente, me dei conta da visita do papa, bem ali, pertinho de mim, não poderia perder a chance de ver um segundo papa na minha vida! Haja vistas, ter tido essa oportunidade aqui em Cuiabá com a visita do Papa Paulo II, onde tive a oportunidade de fotografá-lo cara a cara. Tive outra chance de vê-lo em Roma, na Praça Celestial, bem longe em sua famosa janela na missa do Ângelus, infelizmente não tive muita sorte com as fotografias, sem zoom, quase não dava para identificá-lo, mas era ele, o papa.

Retornando ao Rio, procurei me certificar das datas em que receberíamos o Sumo Pontífice, e me veio uma tremenda desilusão, as datas não conferia com as minhas.  Com a passagem de retorno marcada estaria impossibilitado de participar deste grande encontro, justamente o dia de sua chegada, estava embarcando de volta para Cuiabá. Apenas um dia, um dia de desencontro, me perguntei; porque não me informei antes, um dia não faria diferença para retornar.  Peguei-me desiludido, perder esta chance, é com ir a Roma e não ver o papa!

Para aumentar ainda mais esta minha desilusão, bastava transitar por Copacabana e ver por todo lado  aquela multidão de jovens em paz, transbordando alegria e disposição para seus intentos. Indo e vindo sem direção a procura de interação, mas todos envolvidos numa só ideia, numa só torcida, uma só finalidade.  Senti-me numa verdadeira Torre de Babel, emocionei por diversas vezes em ver tantos jovens reunidos pela fé em Cristo, como era comovente ver tudo aquilo, e eu com passagem marcada. Chorei sim, em saber que exatamente no dia que o santo padre desfilaria pela orla marítima do Forte Copacabana até a Leme, estaria eu me distanciando dele! Fui para o aeroporto literalmente de costas, sabendo que minhas chances terminavam por ali. Com aquele friozinho europeu e com um sol amarelo opaco (aquele que não aquece), cheguei ao aeroporto Santo Dumont. Mas percebi que algo estava acontecendo de anormal, um movimento intenso, perguntei-me o porquê de tanta gente esta deixando o Rio justamente num dia considerado importante do encontro da JMJ? Mas ao adentrar no saguão, foi ainda maior meu espanto, lotadíssimo, voos atrasados e cancelados, filas enormes, gente saindo pelos canos. 

Sem muita vontade e esperança, me entreguei-me  ao destino. Entrei em uma das filas, sem muita pressa e aguardei o atendimento para realizar  o check in. Olhando discretamente, sem querer encarar o painel de voos,  via o número do meu voo e na frente estampado: confirmado! Sendo que vários outros voos tinham sidos cancelados, mas o meu não, continuava lá, e em vermelho chamando mais ainda minha atenção.

A cada passo em direção ao balcão de atendimento se firmava mais no painel. Segui o chamado da funcionária, retirei meu cartão de embarque, documento de identidade e dei como encerrada as minhas chances de ver um segundo papa em minha vida.

No procedimento de check in, como um milagre ouvi a funcionária dizer: “este voo acaba de ser cancelado,  só existe uma possibilidade de viagem ao seu destino; somente amanhã pela manhã. O senhor será hospedado em um hotel por conta da companhia e terá direito: translado de taxi, refeições  e embarcará pelo aeroporto do Galeão, às 09h00min ”.

O que vi e ouvi do papa, já não me dava qualquer motivo de questionamento: ELE É FORTE!

Lucelio Costa

COPACABANA – JULHO DE 2013

Carioca de nascimento, Cidadão Cuiabano, Bacharel em Direito, Pós Graduado em Direito Agroambiental, Professor de Judô, Compositor, Ambientalista, Membro do G.A.R.R.A. (Grupo de Ação e Recuperação dos Recursos