Projeto Tatu-bola: a luta para salvar a mascote da Copa do Mundo da extinção

Projeto Tatu-bola: a luta para salvar a mascote da Copa do Mundo da extinção
Tatu-bola  (Tolypeutes tricinctus) Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Mark Payne-Gill
 

Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Mark Payne-Gill

tatu-bola-do-nordeste vive na caatinga e no cerrado onde procura por cupins, formigas, raízes e frutas. Quando se sente em perigo muda rapidamente de forma: curva as costas, coloca a cauda ao lado da cabeça e adquire um formato redondo. Assim, todas as partes que não contam com a defesa da armadura ficam seguras dentro de uma esfera de proteção. Nada mais propício para a mascote da Copa do Mundo de 2014 do que um animal que se transforma em bola e só existe no Brasil.

Pensando nisso a ONG Associação Caatinga iniciou a campanha “tatu-bola para mascote da Copa do Mundo 2014” . Segundo Rodrigo Castro, secretário executivo da Associação Caatinga, a ideia da campanha era aliar a paixão do brasileiro pelo futebol à preocupação com o meio ambiente. O animal foi apresentado no dia 16 de setembro pelo ex-jogador Ronaldo, membro do Conselho de Administração do COL (Comitê Organizador Local), durante o programa Fantástico da TV Globo. A mascote foi batizada deFuleco.

O tatu-bola atuaria como espécie bandeira (espécie símbolo da uma causa ambiental). Chamando a atenção para o animal, que se encontra vulnerável segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês), seria possível conseguir mais apoio para preservar o habitat em que vive. Com isso, outras espécies do cerrado e da caatinga seriam beneficiadas. Mas, até agora, pouco foi feito para a conservação da espécie (leia o post Como o futebol pode salvar o tatu-bola, mascote da Copa do Mundo, da extinção?).

Tatu-bola  (Tolypeutes tricinctus) Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Mark Payne-Gill
 

Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Mark Payne-Gill

No dia 22 de maio, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aprovou o Plano de Ação Nacional (PAN) para preservação do tatu-bola durante a cerimônia de comemoração ao Dia Internacional da Biodiversidade, em Brasília.  A elaboração do PAN Tatu-bola foi coordenada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB/ICMBio), com o apoio da ONG Associação Caatinga e do Grupo Especialista em Tatus, Preguiças e Tamanduás e outras 15 instituições. O plano será supervisionado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação do Cerrado e Caatinga (Cecat) e pela Coordenação-Geral de Espécies Ameaçadas (CGESP).

A meta é diminuir o risco de extinção das duas espécies de tatus-bolas (Tolypeutes Tricinctus: tatu-bola-do-nordeste ou tatu-bola-da-caatinga e Tolypeutes Matacus: tatu-bola-do-Centro-Oeste)encontrados no Brasil. “Em cinco anos, o objetivo é que a gente consiga diminuir esse grau de ameaça”, afirmou a coordenadora-substituta de Planos de Ação do ICMBio (COPAN), Marília Marini.

Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) em posição de defesa - Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Mark Payne-Gill
 

Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) em posição de defesa – Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Rodrigo Castro

Em paralelo, a Associação Caatinga, em parceria com as ONGs The Nature Conservancy e Grupo Especialista em Tatus, Preguiças e Tamanduás, iniciou o Projeto Tatu-bola com os seguintes objetivos:

  • Gerar conhecimento atualizado sobre a ecologia e distribuição do tatu-bola-da-caatinga (TolypeutesTricinctus)
  • Estabelecer Unidades de Conservação e corredores ecológicos em áreas prioritárias para a conservação da espécie
  • Aumentar o grau de conhecimento sobre a espécie e os ambientes naturais de ocorrência do tatu-bola
  • Promover ações de educação ambiental

A Associação Caatinga também criou a campanha Eu Protejo o Tatu-bola para arredar doações e manter o projeto de conservação da espécie. Segundo o site da ONG, todo o recurso da campanha será revertido em ações de proteção do tatu-bola e da Caatinga.

Considerando um orçamento previsto de  R$25,5 bilhões para a Copa do Mundo (mas ,segundo a Folha de São Paulo e o Estadão, os gastos devem chegar à casa dos R$ 28 bilhões), os esforços para a conservação do tatu-bola, animal que está ajudando a promover o evento, são muito pequenos. Uma pena.

Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) em posição de defesa - Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Mark Payne-Gill
 

Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) em posição de defesa – Foto: Divulgação/Associação Caatinga/Rodrigo Cas

 

 

por Fábio Paschoal

National Geographic