RIO SUBTERRÂNEO NA AMAZÔNIA PODE SER O MAIOR DO MUNDO

RIO SUBTERRÂNEO NA AMAZÔNIA PODE SER O MAIOR DO MUNDO

 

NOVO RIO SUBTERRÂNEO NA AMAZÔNIA PODE SER O MAIOR DO MUNDO

Indícios da existência de um rio subterrâneo, com a mesma extensão do Rio Amazonas, que estaria a 4 mil metros abaixo da maior bacia hidrográfica do mundo, foram divulgados neste mês em um estudo realizado por pesquisadores da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional (ON), no Rio de Janeiro.

O Rio Hamza nasce no Peru, na Cordilheira dos Andes, mesma região que o Rio Amazonas. “Essa linha de água permanece subterrânea desde sua nascente, só que não tão distante da superfície. Tanto que temos relatos de povoados daquele país, instalados na região de Cuzco, que utilizam este rio para agricultura. Eles sabem desse fluxo debaixo de terrenos áridos e por isso fazem escavações para poços ou mesmo plantações”, afirmou o pesquisador do pesquisador indiano Valiya Hamza do Observatório Nacional.

O fluxo da água deste rio segue na vertical, sendo drenado da superfície até dois mil metros de profundidade. Depois, próximo à região do Acre, o curso fica na horizontal e segue o percurso do Rio Amazonas, no sentido oeste para o leste, passando pelas bacias de Solimões, Amazonas e Marajó, até adentrar no Oceano.

“A água do Hamza segue até 150 km dentro do Atlântico e diminui os níveis de salinidade do mar. É possível identificar este fenômeno devido aos sedimentos que são encontrados na água, característicos de água doce, além da vida marinha existente, com peixes que não sobreviveriam em ambiente de água salgada”, disse.

Características – A descoberta é fruto do trabalho de doutorado de Elizabeth Pimentel, coordenado por Hamza. Ela indica que o rio teria 6 mil km de comprimento e entraria no Oceano Atlântico pela mesma foz, que vai do Amapá até o Pará. A descoberta foi feita a partir da análise de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobras nas décadas de 1970 e 1980.

“A temperatura no solo é de 24 graus Celsius constantes. Entretanto, quando ocorre a entrada da água, há uma queda de até 5 graus Celsius. Foi a partir deste ponto que começamos a desenvolver nosso estudo. Este pode ser o maior rio subterrâneo do mundo”, afirma Hamza.

“Não é um aquífero, que é uma reserva de água sem movimentação. Nós percebemos movimentação de água, ainda que lenta, pelos sedimentos”, disse o pesquisador cujo sobrenome batizou o novo rio.

De uma ponta a outra – Apesar de ser um rio subterrâneo, sua vazão (quantidade de água jorrada por segundo) é maior que a do Rio São Francisco, que corta o Nordeste brasileiro. Enquanto o Hamza tem vazão de 3,1 mil m³/s, a do Rio São Francisco é 2,7 mil m³/s. Mas nenhuma das duas se compara a do rio Amazonas, com 133 mil m³/s.

“A velocidade de curso do Hamza é menor também, porque o fluxo de água tem que vencer as rochas existentes há quatro mil metros de profundidade. Enquanto o Amazonas corre a 2 metros por segundo, a velocidade do fluxo subterrâneo é de 100 metros por ano.

Outro número que chama atenção é a distância entre as margens do Hamza, que alcançam até 400 km de uma borda a outra, uma distância semelhante entre as cidades de São Paulo e o Rio de Janeiro.

“Vamos continuar nossa pesquisa, porque nossa base de dados precisa ser melhorada. A partir de setembro vamos buscar informações sobre a temperatura no interior terrestre em Manaus (AM) e em Rondônia. Assim vamos determinar a velocidade exata do curso da água”, complementa o pesquisador do Observatório Nacional. (Fonte: Eduardo Carvalho/ Globo Natureza)

 

RIO RECÉM-DESCOBERTO É ‘RESERVA’ CASO BACIA AMAZÔNICA SE ESGOTE, DIZ PESQUISADORA

O recém-descoberto rio subterrâneo Hamza, localizado a 4 mil metros de profundidade debaixo do rio Amazonas e medindo 6 mil metros de extensão, tem água potável e pode ser consumida caso, um dia, a água doce da bacia amazônica seque.

“Eu acho que o rio Amazonas nunca vai secar, mas se isso acontecer algum dia, as populações da Amazônia podem contar com essa reserva”, relata a pesquisadora amazonense Elizabeth Tavares Pimentel, referindo-se ao rio subterrâneo descoberto durante pesquisas desenvolvidas durante seu doutorado, no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.

Com formação em Geofísica, a professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Elizabeth Tavares Pimentel foi responsável por uma das descobertas para relevantes para a ciência nos últimos tempos. A repercussão da divulgação do trabalho, após ser apresentado durante o 12º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio de Janeiro, e divulgado nesta quinta-feira (25) pelo Observatório Nacional, surpreendeu a pesquisadora.

“Vários jornais do Brasil e do exterior estão me ligando. Ainda não tive tempo para fazer muita coisa hoje (ontem)”, disse Elizabeth ao portal acrítica.com, em entrevista por telefone, do Rio de Janeiro.

Contribuição – Conforme Elizabeth, a curto e médio prazo, a contribuição científica da descoberta é que os estudos sobre o ciclo hídrico poderão levar em consideração o fluxo do rio Hamza – o nome é uma homenagem ao orientador de Elizabeth, Valyia Hamza.

“Quando se fala nos ciclos se recorre à chuva, aos lençóis freáticos, aos aquíferos. Todos eles deságuam no oceano Atlântico. Os estudos deste ciclo não inclue, até então, o rio subterrâneo”, explicou a pesquisadora.

Uma hipótese sugerida tanto por Elizabeth quanto por Valyia Hamza é que o rio subterrâneo também seja responsável pela baixa salinidade encontrada no Oceano Atlântico.

Vazão – De acordo com as pesquisas desenvolvidas pelos dois cientistas, o modelo adotado para a análises identificou que o rio Hazam tem 3, 09 mil metros cúbicos por segundo. Essa vazão é superior ao rio São Francisco, que possui 2, 8 mil metros cúbicos. O Amazonas possui 133 mil metros cúbicos por segundo.

“Esse valor é pequena em relação à vazão do Rio Amazonas, mas é indicativo de um sistema hidráulico subterrâneo, gigantesco. Basta notar que a vazão subterrânea na região Amazônica é superior à vazão média do Rio São Francisco”, disse Elizabeth.

A profundidade de 4 mil metros do rio Hamza também impressiona. Para se ter uma ideia, o rio Amazonas tem uma profundidade que varia de um metro (nas áreas mais rasas) a 50 e 100 metros. Outra característica do rio Hamza é a sua largura. Enquanto o rio Amazonas tem de 1 a 100 quilômetros de largura, o Hamza possui de 200 a 400 metros de quilômetros.

Campo – Bolsista da Fundação Estadual de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), Elizabeth Pimentel Tavares, que á natural do município de Parintins, tem previsão de concluir sua pesquisa em fevereiro de 2012. Os estudos desenvolvidos por Elizabeth Tavares Pimentel foram baseados em dados nos resultados das perfurações realizadas pela Petrobrás nos anos 70 e 80 quando a empresa realizava pesquisas para localizar petróleo.

“A investigação começou com bases em temperaturas realizadas em águas de poços profundos. Estes dados da Petrobrás estavam arquivados. A gente observou que havia muita movimentação de fluidos e resolveu aplicar um modelo analisar”, explica.

Conforme a pesquisadora, a análise da vazão do fluxo mostrou que seria de bacias sedimentares na mesma extensão do rio Amazonas. “A gente nem imaginava que iria resultar nisso. Fomos analisando os dados e resultados foram estes”, disse.

Por enquanto, as informações obtidas a partir das perfurações equivalem a uma extensão iniciada na bacia do Estado do Acre, passando pelo rio Solimões e Amazonas, no Estado do Amazonas, rio Marajó, passando pelas chamadas barreirinhas e vai até a foz do rio que deságua no Oceano Atlântico. Pesquisas posteriores podem identificar se este rio subterrâneo também nasce na Cordilheira dos Andes, como é o caso do rio Amazonas.

O trabalho de campo de Elizabeth começa no próximo mês, quando ela fará pesquisa nas temperaturas em poços em todos os Estados da bacia Amazônica. Os dois primeiros serão Roraima em Amazonas. Elizabeth disse que pesquisa para alcançar o rio subterrâneo exige demanda muito elevada de recursos financeiros e, no momento, não será possível de ser realizada. (Fonte: Fonte: A Crítica/AM)